Até então ninguém tinha entendido quando um vereador pediu vista do novo Plano de Cargos e Salários dos funcionários municipais enviado pelo prefeito para aprovação da Câmara. Fui dar uma olhada na tabela e pude compreender: quase nada muda na vida da maioria, que terá um "aumento" variável mas miserável, conforme nível e padrão, mas que, como no caso dos vigias, não servirá de forma alguma para minorar o desespero causado pela troca da carga horária de seis dias trabalhados por um de descanso e consequente redução de salário de mais de 40%, o que significou uma perda de mais de 400 reais. Estes continuam a exigir o piso pago na região, de 1.200 reais, e o pagamento do adicional de periculosidade, um direito federal. Lembrando que contratados estão fazendo a antiga carga horária e recebendo em média mais de 1.400 reais, salário que os concursados recebiam e não mais recebem. Outros servidores tiveram ou terão redução no valor do vale alimentação de 200 para 150 ou 100 reais, e outros terão redução do salário por causa da perda da insalubridade. Ou seja, ironicamente falando, o projeto "desveste um santo para vestir outro", pois aumenta de um lado mas diminui do outro. Lembrando que vários concursados novatos vão receber um salário de 745 reais que agora será maior que o salário mínimo mas que em janeiro, quando o mínimo aumentar para estimados 779 reais terão de ter um complemento nos vencimentos, pois ninguém no Brasil pode receber menos de um salário mínimo. E ninguém garante que haverá um aumento igual pela prefeitura, que no ano passado não deu reajuste algum aos servidores. REPITO: respeito e apoiei o prefeito Marcos Cherem, e ainda me considero seu amigo, mas sua assessoria acabará por leva-lo a um caminho sem volta. E de forma lamentável. Não é possível que ainda não o tenham aconselhado a cuidar primeiro da casa para depois pensar no todo. Está seguindo o mesmo erro de outros prefeitos. Ontem mesmo este blog, entre vários e-mails de funcionários lamentando o calvário, recebeu o de um comerciante da cidade que tem uma grande clientela entre servidores municipais mais humildes. Segundo ele, é estarrecedor(como aliás já dissemos neste espaço) ver o estado desesperador de pais de família(principalmente vigias e auxiliares de serviços gerais) que teriam tido uma redução tão drástica e injusta em seus vencimentos, com corte de horas extras(que ninguém faz porque quer mas por necessidade). E termina dizendo que teme não receber o que devem, mas que também não pode deixar de vender a esses trabalhadores, que estariam praticamente sem crédito em outros locais. Lembrando que vigias são cerca de 60 concursados, sendo que vários pediram exoneração por conta do salário vergonhoso, e auxiliares de serviços gerais mais de 300. Por isso espera-se um pouco mais de sensibilidade ao prefeito para que trate caso a caso com a devida atenção, para que esses servidores, e outros mais, voltem a ter a dignidade necessária. E que troque também, quem sabe, alguns "chefes" que ao invés de ajuda-lo, estão é detonando sua imagem junto aos servidores municipais. Quanto ao sindicato, a suposta passividade escandaliza e muitos já ameaçam retirar a filiação.