O prefeito Marcos Cherem, que sabemos ser uma pessoa bem intencionada, vem passando por algo que, talvez quando era vereador, ele não imaginasse: a solidão no poder. Obrigado a fazer alianças com pessoas pouco confiáveis, que ficam ao seu lado apenas pelos cargos recebidos, e que ao mesmo tempo conspiram contra o governo nos bastidores, o prefeito vem descobrindo essa faceta oculta da política. Alguns amigos que o apoiaram antes da eleição, estão fora da prefeitura, e não escondem o rancor pela suposta "ingratidão". O apoio de certos órgãos da imprensa, cujos donos teriam parentes em cargos de confiança, é o mais perigoso, já que praticamente estaria deixando Marcos Cherem de mãos amarradas para mexer em setores da prefeitura muito criticados pela população, como a Ouvidoria Municipal e o Procon. Ocupantes de outros cargos também são detestados pelos servidores, mas o prefeito parece ignorar a situação interna explosiva, o que faz supor que estaria sendo mal aconselhado politicamente. Enquanto isso, há tensão com o que pode vir de Brasília, com a proximidade do julgamento pelos ministros do TSE da liminar concedida a Marcos Cherem para permanecer no cargo por Luciana Lóssio, ex-advogada do PT na campanha de Dilma Rousseff, e que estaria sendo criticada reservadamente por seus colegas pela suposta falta de isenção em julgamentos que envolveriam o partido e/ou aliados, além de ser alvo de representações no Conselho Nacional de Justiça exatamente por esse motivo. Cherem estaria confiante em uma decisão favorável, mas, como vem sentindo na pele os odores exalados pelo lado obscuro da política, também estaria preocupado com um possível revés. Se passar pela tempestade, pode ser que tome coragem e ponha para fora da prefeitura os falsos amigos que as circuntâncias o obrigaram a colocar ao seu lado, e chame aqueles que realmente estiveram ao seu lado desde antes da batalha. Afinal, foram estes que o ajudaram a chegar onde está.